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Wilrane Fernandes
Vim por este meio expressar a minha visão sobre
estado Clínico do País; pois, estive calado por longo período de tempo,
observando atentamente o real comportamento da Sociedade Guineense, sobre o
nosso verdadeiro problema - uma discriminação social - enraizado no Poder e nas
camadas sociais mais privilegiadas relativamente às baixas camadas que
representam a maioria da População.
A maioria da População que residem no interior
do País, não tem meios para se defender dos poderosos de Bissau; não podem adquirir
um advogado, por exemplo, e, nem têm nível da educação para criar associações
ou sindicalismo para defesas próprias. O Poder Central que, supostamente, quem
os devia defender, infelizmente (e simplesmente) nunca quis saber deles e mais,
fez e continua a fazer de tudo para os condenar em eterno isolamento, pobreza e
discriminação pela distribuição desigual das oportunidades em todas as esferas
da sociedade.
A MANDJACADA DE BISSAU, pura e simplesmente um
título provocatório, não é contra a etnia Mandjaca (aquela, eu aprecio e nutro
o maior respeito, assim como qualquer outra, restantes etnias). Simplesmente,
estou a tentar traçar um paralelismo de Madjacada de Bissau com a
Balantalização (uma vez pronunciada pelo então dirigente associativo chamado
Fernando Ka “Um pepel” nas antenas de uma das estações portuguesas) do tempo do
Presidente Koumba Yala que era largamente profanada como eixo do Mal
relativamente ao todo problemático sociopolítico e económico da Guiné-Bissau da
altura.
Sei que muitos vão começar a criticar este
título sem analisar o texto e a razão de fundo desta provocação, mas isso vai
depender de grau da interpretação que cada um(a) e, obviamente, livre de
opinar, comentar e interpretar o que quer que seja respeitando espero eu, também
a minha Liberdade de pensamento.
Aqui, falei de Mandjacada de Bissau, a
referir-se exclusivamente a elite Mandjaca no poder hoje na Guine: Presidente
actual, José Mário Vaz “da etnia Manjaca”, seu Primo, primeiro-ministro,
Aristides Gomes e nomeações afins que se nos são apresentadas.
MANDJACA DE BISSAU, Porquê? Porque Presidente
da Republica e Primeiro-Ministro que assumiram o poder em Bissau, embora
Mandjacos, não representam etnia Mandjaca no seu todo; e estou muito feliz em
ver hoje que na Guiné-Bissau, a comunicação social inteira está a remar para
mesmo lado; ou seja nunca se ouviu ninguém a criticar etnia Mandjaca
extensivamente como tinha sido contra os Balantas na época do Presidente Dr.
Koumba Yala. Hoje o mau desempenho do Presidente José Mário Vaz e do Governo
liderados pelos cidadãos da mesma etnia, não se ouve falar de “Mandjaco toma
terra”. Mesmo na tal conhecida RTP África que claramente funcionou (funciona)
como porta voz da elite politica da altura, realmente corroborou o termo de
Balantalização do País, foi (é) vista [RTP África] a tomar partido no que
concerne as lides politicas bissau-guineense. A coerência não aceita dois pesos
e duas medidas.
Hoje na nossa Sociedade Guineense toda gente
insulta e chamam por nomes, correctamente questoes ligados ao Tribalismo no
Poder nunca se falou, tanto menos nehum balanta veio ao publico revindicar o
tratamento similar relativamente aos Balantas durante o reinado do Presidente
Koumba Yala que hoje ate tinham direito. Eu, pessoalmente, fico feliz, por este
progresso da nossa Sociedade, naturalmente, esperando que seja assim
equidistante e transversal para com todas outras etnias no futuro.
Então, quero agora que façam uma reflexão
profunda sobre o acima exposto e reportando tudo isso para tempo em que todos,
sobretudo, recordando os MANDJACOS e outros grupos étnicos que falavam sobre
Balatalização da Sociedade Guineense (citando malogrado, Fernado Ka “Um
Pepel”).
De facto, a discriminação é uma das piores
condições humanas em que uma ou mais comunidades podem ser submetidas. As
nossas etnias são iguais prante a lei; comunidades iguais pela definição.
Qualquer forma de discriminação contra uma
qualquer que seja comunidade/etnia é severamente condenável. A discriminação é
a causa primordial da dessegregação das comunidades, da unidade e consequente
caos no aparelho do Estado e no governo.
Olhando para trás, hoje os Balantas podiam
queixar-se e bem terem sido discriminados durante muito tempo nas diversas
esferas da vida pública/social até mesmo marginalizados etnicamente na tomada
de decisões na sociedade guineense. Por outras palavras todas vezes que haja um
Presidente ou Primeiro-Ministro desta etnia, temos visto abominantes reações da
Sociedade Guineense relativamente a esta etnia. Ou seja, na pratica é a
Sociedade Bissau-guineense que deve escolher se é mais correto aceitar nos
altos cargos políticos alguns grupos étnicos em detrimentos dos outros, ou ser
mais coerente apoiando transversalmente um Bissau-guineense indecentemente do
estigma ou qualquer coisa do género.
Corrigir esta postura Social é simplesmente um
abono à verdade e à justiça. Pelo contrário estaremos assim a plantar um substrato
de base para consolidação da nossa Unidade Nacional e a “Guinendadi” desejada.
Para onde caminhamos então? Estratificação dos
cargos públicos baseando nas etnias? Sei claramente que não é isso que
realmente o guineense comum quer.
Guineense Comum tem que lutar para combater de
facto o que está mal; talvez este mal tenha nascido muito antes da Fundação da
nossa Republica; ou incutida à Sociedade e nas mentes menos abertas (os
saudosistas inconsoláveis) pelo Sistema do Estado e Governo anterior à nossa
Independência.
Então e se é isso, tenhamos coragem de assumir
e criar as formas de combater essas endógenas e pequenas discriminações interétnicas,
pois essas corroem tudo quanto as nossas conquistas conseguidas durante a
vitoriosa luta de Libertação Nacional. Se os Balantas fossem menos atentos,
tudo isso poderiam causar micro-fracturas internas com conseguinte desagregação
da unidade e coesão nacionais, o que nenhum guineense moderno quer ver na nossa
Sociedade.
Espero que os meus leitores percebam o
significado da MANDJACADA DE BISSAU, que não passa de uma provocação para
envidar o debate sobre o erro que a Sociedade Guineense cometeu no passado
contra Etnia Balanta e não só, evitando assim enveredar por este caminho no
futuro próximo.
Só para dar um exemplo, no Regime do presidente
Koumba, quando se insultava o Governo do dr. Koumba, era extensível a toda
etnia balanta, e até as FARP (Forças Armadas Revolucionárias do Povo),
simplesmente, porque a maioria é Balanta.
Hoje, estas mesmas FARP’s, as quais o actual
Presidente, José Mário Vaz, exigiu a quota étnica nas suas fileiras (coisa que
nenhum Presidente exigiu desde a Independência à data de hoje) que, alguns
falhados politicamente apelidaram de obstáculos à estabilidade, hoje, chegamos
à conclusão de que, quem realmente obstaculiza a vida sociopolítica na
Guiné-Bissau.
O presidente Dr. Koumba Yala (um Balanta),
sofreu Golpe de estado dos próprios Militares, como se dizia na altura, porque
entendiam que as coisas não estavam bem no País. Paradoxalmente hoje, sentimos
a dizer em vários cantos da Sociedade Guineense, que o Reinado do José Mário
Vaz e seu primo Primeiro-Ministro, são largamente pior do que o do presidente
Dr. Koumba (...). Afinal quem é tribalista??! E as FARP, ainda continuam a
serem tribalistas?? E se presidente Dr. Koumba tivesse exigido a quota étnica
na Função Pública? Pelos vistos, o José Mário Vaz ainda é Presidente e bem
recomendado. Eis um “TPC” para todos refletirmos.
Caros irmãos e leitores é bom que reflitam, aprendam
a pensar com as suas próprias cabeças, porque realmente agora os Colonialista,
os chamados “Tugas” já foram há muito tempo. Foram eles que há uns tempos nos
batiam para obrigar-nos a pensar doutras maneiras, mas sinceramente hoje não
deveriam continuar mental e psicologicamente dependentes de outrem.
A nossa verdade, embora relativa, é único
caminho a seguir para a “independência” mental.
Muito obrigado e abraço,
J. Wilbom
New York, USA
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