Portugal deverá
montar uma base de retaguarda para prevenção e combate ao vírus Ébola no
Hospital Militar de Bissau, anunciou hoje a ministra da Saúde da Guiné-Bissau,
Valentina Mendes.
Portugal deverá
montar uma base de retaguarda para prevenção e combate ao vírus Ébola no
Hospital Militar de Bissau, anunciou hoje a ministra da Saúde da Guiné-Bissau,
Valentina Mendes.
“Portugal vai
criar uma base no Hospital Militar: lá é que vão ser instalados os equipamentos
e o pessoal que vem [para Bissau]“, explicou a governante. Valentina Mendes
falava após encontros mantidos na sexta-feira e hoje com o Diretor-Geral de
Saúde de Portugal, Francisco George, e Paulo Campos, presidente do Instituto
Nacional de Emergência Médica (INEM) português, que se encontram na capital
guineense.
A base
portuguesa deverá complementar um centro de tratamento e isolamento para casos
de Ébola que o governo de Bissau quer implantar no Hospital Simão Mendes,
principal hospital público do país, mas também um dos mais degradados. De acordo
com Valentina Mendes, o executivo vai redigir uma carta-pedido endereçada ao
Governo português, detalhando a cooperação desejada e entretanto esboçada com
Francisco George e Paulo Campos.
No documento
“estará todo o pacote”, referiu a ministra, desde equipamentos em falta,
necessidades de treino e outros recursos, como por exemplo, um laboratório. A
carta será entregue em mão pela própria governante ao Governo português durante
uma deslocação que vai efetuar a Portugal, ao lado do primeiro-ministro guineense,
Domingos Simões Pereira, antes do final do mês.
A governante
espera que em novembro seja possível receber as primeiras equipas médicas
portuguesas em Bissau. Apesar de se chamar Hospital Militar, 98% dos casos
tratados são de civis, mediante o pagamento de uma taxa moderadora de cerca de
três euros. Construído em 2011 através da cooperação chinesa na Guiné-Bissau, a
unidade tem das melhores instalações e serviços do país, ainda assim,
extremamente carentes: conta apenas com dois especialistas, um cirurgião e um
obstetra, o que limita a utilização de equipamentos de diagnóstico.
Tendo em conta o
contexto, e consoante evoluir a ameaça do Ébola, as equipas médicas portuguesas
poderão envolver-se na promoção de outros cuidados de saúde, admitiram os participantes.
Francisco George e Paulo Campos visitaram o Hospital Militar hoje de manhã.
Para o presidente do INEM, há um interesse particular em unir a função
hospitalar à tutela militar, dada a necessidade de proteger instalações que
lidem com o vírus Ébola – que já foram atacadas noutros países afetados pela
epidemia.
Por outro lado,
“é uma estrutura organizada” e “talvez o melhor polo de saúde na Guiné-Bissau”.
No entanto, “não vamos colocar a tónica só neste hospital. Este pode ser um
pilar importante, mas temos que explorar todos os pilares da cooperação na área
da saúde”, disse. Augusto Mendes, diretor clínico da unidade, disse à Lusa que
o mais urgente é “treinar os técnicos e pessoal médico, não só na parte
teórica, mas também sobre a maneira de usar os ‘kits’ de proteção” contra o
Ébola.
Apesar de os
dois países com que faz fronteira já terem sido afetados pelo vírus Ébola, a
Guiné-Bissau continua livre da ameaça mortal. A norte, no Senegal, já foi
verificado um caso importado, entretanto curado, e a sul, na Guiné-Conacri
(onde a epidemia eclodiu), o Ébola continua a matar.
Desde meados de
agosto que a Guiné-Bissau fechou as fronteiras com Conacri, apesar das queixas
de comerciantes e da população fronteiriça, para prevenir a entrada de pessoas
infetadas – apesar de haver relatos de travessias em zonas não vigiadas pelas
autoridades. Segundo o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), o
Ébola causou mais de 4.500 mortos em cerca de 9 mil casos registados na
Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri, os mais afetados, mas também Nigéria,
Senegal, Espanha e Estados Unidos.
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