Os técnicos sanitários revelaram que, na
Guiné-Bissau, 44 % da população ainda utiliza fontes não melhoradas de
abastecimento de água, que muitas vezes contêm altos níveis de contaminação.
Os dados foram avançados esta terça-feira, 30
de Junho, à PNN, pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INASA), durante a
cerimónia de apresentação de um seminário intitulado «Prevenir doenças humanas
através de uma saúde animal e ambiental».
Trata-se de uma iniciativa conjunta do
Instituto Nacional de Saúde Publica, da Direcção-geral da Pecuária, do
Instituto de Biodiversidade e das Áreas Protegidas, da ONG Acção para o
Desenvolvimento, da União Internacional para Conservação da Natureza e do
SWISSAID.
Esta apresentação refere que a biodiversidade
vegetal tem benefícios tanto para a saúde como para a economia, porque tem sido
a maior fonte de medicamentos naturais até à data.
«As alterações no ambiente também ameaçam o
nosso abastecimento natural de água doce, os ecossistemas ajudam a regular o
fluxo de água e a quantidade de sedimentos e contaminantes nos nossos recursos
hídricos», destaca documento do INASA.
Noutro capítulo, a apresentação do INASA revela
o aumento do contacto entre a população e a fauna selvagem, dando como exemplo
a infecção por vírus Nipah (Malásia, 1998) originada pela migração de morcegos
da Indonésia para a vizinha Malásia, infectando espécies de suínos e depois
humanos, e o Hantavirose (zoonoses virais agudas transmitidas por roedores),
que se verifica quando, na procura de alimentos, os roedores silvestres entram
nas povoações.
«A desflorestação destrói a diversidade de
mosquitos e apenas as espécies mais fortes sobrevivem à paisagem desmatada, que
apresenta clareiras e reservatórios de água expostos à luz, que constituem um
ambiente perfeito para a reprodução do vector transmissor do paludismo»,
sublinha o documento.
No capítulo de introdução o documento informa
que, actualmente, muitos dos desafios globais da saúde estão ligados ao
declínio da biodiversidade e dos ecossistemas, onde se precisa da variedade da
vida animal e vegetal para uma adequada alimentação humana, a desflorestação e
a queima.
«As dioxinas (poluentes orgânicos
persistentes), são libertadas e causam danos no sistema reprodutivo,
imunitário, interferem com as hormonas e ainda estão associadas aos muitos
cancros», refere o INASA com base nos dados da OMS de 2014, com um tempo
duração que varia entre os sete e os 11 anos.
Uma das preocupações levantadas por esta
instituição durante a presentação prende-se problemas dos gases estufa, que
causam problemas respiratórios, alergias, dores peitorais e irritação na
garganta.
No capítulo de desflorestação e seca, o texto
descreve que a seca pode propiciar o aparecimento de vectores e de animais
reservatórios, devido à procura de água junto das habitações, doenças
respiratórias, redução da qualidade do ar, mãos infectadas, sendo muito
frequente a diminuição da higiene devido à escassez de água. A qualidade do ar
é o principal risco ambiental para a saúde.
«A desflorestação influencia a qualidade do ar,
que por consequência tem o seu efeito negativo na saúde humana, nomeadamente
doenças respiratórias (agudas e crónicas), cancro dos pulmões, doenças
cardíacas», sublinha o documento.
No que concerne às chuvas ácidas, o documento
informa que estudos epidemiológicos sugerem uma ligação directa entre a acidez
atmosférica e a saúde das populações, descervendo que o cobre libertado foi
implicado em algumas epidemias de diarreia em crianças e o aumento da
ocorrência de casos da doença deAlzheimer por contaminação da água com
alumínio.
Quanto a perspectiva de controlo sanitário na
Guiné-Bissau, o INASA defende que a manutenção dos ecossistemas é absolutamente
vital para a prevenção de doenças e promoção de uma boa saúde, informando que
muitas doenças humanas importantes tiveram origem em animais, e assim, as
mudanças nos habitats de populações animais podem afectar a saúde humana,
positiva ou negativamente.
A prática diária de cuidados básicos de
higiene, a observação das medidas de biossegurança por parte do pessoal de
saúde, a criação/reforço do sistema de vigilância e notificação comunitária,
constam ainda entre as perspectivas de controlo sanitário defendidas pelo
Governo, através do INASA.
O documento termina com recomendações sobre
implementação do Regulamento Sanitário Internacional, sobretudo nos pontos de
entrada (aeroportos, portos, fronteiras terrestres), sensibilização comunitária
com implicação das rádios comunitárias, líderes comunitários, promover a
criação de um observatório para o seguimento da interacção saúde Vs.
biodiversidade e mudanças climáticas, a criação de estruturação das redes de
laboratórios para a vigilância, investigação e resposta, assim como o reforço
das capacidades institucionais para a operacionalização das acções entre os
sectores concernentes.
\\PNN
POUCO A POUCO E TUDO IRA P'RA O MELHOR SO CORAGEM E BOA CONTINUACAO
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