Dirigir, governar um país, não se coloca numa
alternativa do género ou da idade. Compreendo os jovens que reivindicam que,
face aos sucessivos falhanços dos políticos no dirigismo e governação do país,
cabe aos jovens assumirem esse dirigismo e governação.
De que jovens falamos?
Que provas deram para assumirem que
responsabilidades no dirigismo e na governação do país?
Se num todo que somos, enquanto Guineenses e
cada um com a sua mais valia, somos poucos para a empreitada da construção da
Nação e para a Projecção de caminhos seguros, sustentáveis para a Paz e o
Desenvolvimento, como pensar que, por a maioria da população ser jovem, como se
diz, ignorando que dessa maioria há ainda uma outra maioria que não se define
como jovens, mas crianças e adolescentes, o que se pretende afinal para o
dirigismo e a governação do nosso país?
Estamos a inovar, face a uma nova realidade
de construção e desenvolvimento de um Estado de Direito e Democrático, único no
Mundo, que seria a Guiné-Bissau, ou devemos aprender com processos seculares de
civilizações, sem ignorar ou desvalorizar a nossa, obviamente, mas que também
passaram por percursos idênticos aos que temos vindo a repetir continuamente,
enquanto maus alunos?
A questão dos sucessivos falhanços na
Guiné-Bissau resume-se na ausência de jovens no dirigismo e na governação do
país?
Muito pelo contrário!
Um governante entre os vinte e poucos e os 60
anos de idade já não se insere na designação de uma estrutura governativa
jovem?
Uma coisa é a juventude da idade e outra, a
juventude da responsabilidade, da maturidade, da preparação, quiçá, da
experiência adquirida, ao longo da vida e com os mais experimentados.
Se alguma Juventude guineense pensa que está
à altura de assumir o dirigismo e a governação do país, porque os políticos e
governantes falharam, estão equivocados, porque é precisamente essa ideia que
permite falhanços.
Dirige e governa, com resultados, quem está
preparado, quem sabe, quem assume compromisso e responsabilidade para com o
país e com o objectivo de servir o Interesse Nacional.
A alternativa aos actuais políticos e
governantes serão sempre outros políticos e governantes, ainda que jovens,
através das estruturas políticas que representam e que sejam capazes de mudar a
bipolarização política até aqui existente.
Não se faz a Democracia ao gosto de grupos.
Mesmo quando se diz que em Democracia o Povo é o dono do Poder, essa
legitimidade não se estrutura por gostos em função de interesses de grupos pertencentes
a esse mesmo Povo. A legitimidade Democrática assenta na sustentação do Estado
como sendo de Direito, quiçá, regulado por um conjunto de normas, entre a
Constituição e as Leis da República e não por gostos e potenciais disputas que
acarretam, pois o que eu gosto pode não ser o que o meu filho gosta e por aí
fora.
É por isso que quando falamos em consensos,
devemos saber que para lá dos consensos, em matéria de soberania nacional,
devemos ter sempre presente o respeito e a defesa da Constituição e das Leis,
de tudo quanto consagram enquanto Instrumentos que regulam quer a organização e
a funcionalidade do poder político do Estado, quer a vida em Sociedade.
Os jovens da Guiné-Bissau que queiram fazer
política e têm esse direito, devem preocupar-se em aprender a fazer Política!
Não se é político porque se tem um diploma e
nem se é um governante capaz, por se ter um diploma.
Quantos milhares de jovens quadros guineenses
regressados ao país após suas licenciaturas, mestrados e doutoramentos, tiveram
oportunidade de praticar, exercer e aprender a pôr em prática as teorias
académicas aprendidas ao longo de suas formações?
Alguém de bom senso pensa que noutros países
basta ter um diploma, qualquer recém-formado é logo colocado no mais alto cargo
de dirigismo político ou governamental?
Mesmo para o exercício profissional das áreas
de formação é preciso o recém-formado fazer um novo percurso de aprendizagem
prática ao longo de vários anos, com pessoas experimentadas e com formações
contínuas ao longo desse novo percurso, até merecerem uma oportunidade de
dirigismo.
Não devemos pensar que pelo facto de na
Guiné-Bissau não haver essa exigência, cada um que por interesses vários,
assentes sobretudo no nepotismo, é nomeado para um alto cargo político ou
governativo, está acima dos demais. É um EQUÍVOCO!
Temos o país que temos volvidos 43 anos de
independência, porque tivemos sempre gente impreparada no dirigismo político e
governativo e quando falamos de governação, importa referenciar toda a
Administração Pública, que, com jovens ou não, é uma Máquina que nunca
funcionou.
Alguns jovens querem um protagonismo forçado,
mas nada fazem para evoluir. Basta de pensar que falar/escrever política é a
solução para a Guiné-Bissau!
Quantos jovens decidiram pelo
empreendedorismo, por iniciativas singulares ou colectivas capazes de pôr em
evidência suas reais capacidades?
Com um país que tem um enorme potencial, os
jovens só pensam no dirigismo político e governativo?
Tenham paciência, pensem em amadurecer, em
adquirir mais experiência, mais preparação/bagagem, enquanto jovens e quando
chegar a vossa vez de assumir responsabilidades no dirigismo político ou
governativo, que assim seja, com mérito!
Estamos cada vez mais divididos e vamos
continuar a dividir as gerações vindouras com teorias assentes em interesses
pessoais ou de grupos?
Vamos ter que estabelecer na Constituição a
idade para cargos de dirigismo político ou de governação, ou ainda o género?
Apraz saber que temos muitos jovens com os
mais altos graus de formação universitária, mas isso só não chega.
Quem segue a via académica ao mais alto grau,
tem obviamente outras metas, que passam pelo Ensino, pela Investigação, em
suma, por EDUCAR e FORMAR novos pretendentes, para que haja continuidade da
Ciência.
Quem investe na sua formação, quer um futuro
melhor, mas quer sobretudo estar mais e melhor preparado para as exigências e
as adversidades da vida.
Nos dias de hoje, temos pela Europa fora, por
exemplo, milhares de doutorados, mestrados, licenciados etc., que não conseguem
colocação profissional nas suas áreas de formação. A maioria também jovens, mas
não reclama o poder político e a governação.
Reclamam EMPREGOS nas suas áreas de formação,
querem TRABALHAR nas suas áreas de formação!
Positiva e construtivamente!
bem dito irmão Fernando Casimiro, uma abordagem bem oportuna e clara para os jovems quanto as suas fantasias sobre o sujeito de liderança na Guiné-Bissau.
ResponderExcluirprimeiramente, tem sido uma realidade a fraca performance dos jovens Guineneses nas faculdades internacionais "WEAK SCORE" brincadeiras!!!
a segunda é que a maioria deles nem se quer sabem se apresentar perante algumas pessoas e depois vêm aqui durante 5 longos anos sem dominar a lingua que estao estudando.
é certo que o ensino na guine é das ultimas em comparacao com outros paises mas os jovems simplesmente nao fazem esforços para evoluir, so fazem festas!!
a questao é simples, temos muito ainda pra aprender antes de pensar em ser lideres.