No noticiário e
na linguagem sobre questões internacionais, é muito comum que se usem as
expressões “países pobres” e “países ricos”. É verdade que os tais “países
ricos”, se forem olhados de perto, vê-se que são países com uma enorme
proporção de classe média, e pouca pobreza. Ou seja, em relação a sua
população, são países de classe média. Portanto, questiono que o termo “país
rico” seja usado para um país em que a imensa maioria das pessoas é de classe
média. Entretanto, não questiono o termo “país pobre” para um país cuja maioria
das pessoas é pobre. O Brasil, ao longo de séculos, foi de fato um país pobre.
O que os governos Lula e Dilma estão fazendo com o Brasil é simplesmente
transformá-lo em um país de classe média. Quem sabe o Brasil não pode se tornar
o primeiro país a se assumir como um “país de classe média”?
No próximo
domingo teremos eleições presidenciais no Brasil. A candidatura Dilma é a
candidatura do polo progressista, que vai continuar o processo de transformação
do Brasil de um país pobre em um país de classe média. A candidatura Aécio é a
candidatura do polo conservador, que se vencer tende a interromper esse
processo de transformação, com o Brasil correndo o risco de não se tornar de
fato um país de classe média. É isso o que vamos decidir no domingo. Queremos
viver em um país pobre ou de classe média? Queremos andar pelo país e ver
bairros sem infraestrutura, com esgoto a céu aberto e pessoas passando fome? Ou
queremos andar pelo país e ver a população morando em casas ou apartamentos de
qualidade, com comida na mesa? Queremos ir a aeroportos e só ver descendentes
de europeus? Ou queremos ir a aeroportos e ver descendentes de europeus, de
africanos e de povos pré-colombianos, entre outros? Queremos que uma parte da
população tenha carro e a maioria tenha um péssimo transporte público? Ou
queremos que todos tenham um bom transporte público e que o carro seja só um
complemento acessível a todos? Queremos o Brasil do passado ou o Brasil do
futuro? É nessa ponte que estamos agora. Vamos em frente?
A candidatura
Aécio tem como “argumentos” básicos o ódio ao PT e a qualquer entidade que
ajude o povo a se organizar, e a suposta capacidade de sedução do candidato,
que fala sem se prender à realidade concreta, e sim àquilo que se adapta à
fantasia que quer que os eleitores e eleitoras acreditem. A candidatura Dilma
tem como argumento básico que o processo de grande melhora nas condições de
vida do povo que ocorreu nos últimos 12 anos tem que continuar, com mais Minha
Casa Minha Vida, Mais Médicos, Pró-Uni, Ciência sem Fronteiras, Brasil
Sorridente, Farmácia Popular e tantas outras iniciativas que melhoram a vida
dos mais pobres e da classe média, com o aumento do poder de compra dos
salários, a redução do desemprego e o crescimento da formalização da economia.
É bom dizer que os ricos em geral não perderam dinheiro nos governos Lula e
Dilma, e sua renda inclusive aumentou, mas aumentou menos que a dos pobres e da
classe média. Ou seja, ficaram menos ricos em relação aos pobres e à classe
média, e é isso o que pode causar um certo incômodo nos setores mais abastados.
Mas é disso que se trata a mudança de padrão civilizatório que estamos
passando, de superar as estruturas arcaicas do Brasil como país pobre para
continuar conquistando o nosso Brasil de classe média.
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