Em uma ofensiva
que surpreendeu o mercado, a angolana Isabel dos Santos fez uma oferta
preliminar para a aquisição de ações da holding Portugal Telecom SGPS, empresa
em processo de fusão com a Oi, num total de 1,2 bilhão de euros. A companhia
portuguesa possui 25,6% da tele brasileira. Surgiram diversas hipóteses sobre o
objetivo da mulher mais rica da África com o movimento.
Uma delas é de
que a empresária quer aumentar seu poder de barganha em uma compra de fatia de
25% da Unitel, operadora de telefonia móvel em Angola, e ganhar tempo para o
negócio. A participação da Oi na Unitel é detida por meio da holding Africatel,
em que a brasileira possui 75%.
Entre os outros
sócios está Isabel e a estatal Sonangol. O jornal “O Estado de S. Paulo” apurou
que há hoje ao menos oito interessados nos ativos da Oi na África. Outra
hipótese é que a empresária quer barrar a venda dos ativos portugueses da Oi.
No processo de
fusão com a PT, a operadora brasileira incorporou a subsidiária PT Portugal,
que reúne esses ativos. Com o objetivo de levantar recursos para o movimento de
consolidação do mercado de telecomunicações, a Oi está vendendo a PT
operacional.
A tele
brasileira quer fazer uma oferta pela TIM com a Vivo e a Claro e, para isso,
está tentando levantar recursos. A ação ocorre poucos dias depois de o grupo
europeu Altice manifestar interesse nos ativos da empresa em Portugal por cerca
de 7 bilhões de euros. Isabel é acionista da operadora portuguesa concorrente
NOS, que pertence à holding Zopt. As negociações pelos ativos portugueses
continuam e novas propostas ainda podem ser apresentadas.
Oferta
A Terra
Peregrin, controlada por Isabel, informou estar disposta a pagar 1,35 euro por
ação da PT, prêmio de cerca de 11% sobre o pregão de sexta-feira. A oferta foi
condicionada a alguns pontos, como suspensão imediata, até o 30º dia posterior
à liquidação da oferta, da fusão entre PT e Oi.
Nesta
segunda-feira, 10, a Oi divulgou que a diretoria considera “inoportuna”
alterações em termos acordados no processo. Um porta-voz da empresária angolana
afirmou a jornais portugueses que a oferta pelas ações da PT SGPS não é
“hostil” e tem como objetivo a aquisição de uma participação relevante, mas
minoritária e não de controle, no capital da Oi, permitindo a manutenção da
unidade do grupo Portugal Telecom.
A holding PT
SGPS já não possui os ativos, mas tem uma fatia relevante na Oi e direito de
veto sobre decisões estratégicas. A fatia da PT SGPS na Oi é de 25,6% e pode
ser elevada a até 37,3% num período de seis anos. O movimento, segundo o
porta-voz, foi feito em harmonia com os objetivos definidos em declaração
conjunta difundida pela (holding) Zopt na semana passada.
A Zopt,
controladora da operadora NOS, anunciou na semana passada que entrou na batalha
pela PT para defender o “interesse nacional”. A NOS é detida pela empresária e
pelo grupo português Sonae. Analistas consideraram o prêmio oferecido, de 11%,
pouco atrativo.
A Associação de
Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais, entidade que reúne
minoritários da PT, divulgou comunicado em que defende a elevação da oferta
para 1,94 euro por ação – o valor corresponde ao preço médio ponderado das
ações nos seis meses anteriores ao anúncio da oferta.
“Se a oferta é
de fato séria e com as intenções descritas, o oferente devia rever a mesma para
efeitos de oferta obrigatória, nomeadamente adequando a contrapartida (…). Caso
contrário, a dita oferta só poderá ser entendida como uma manobra de diversão e
estratégica visando outros interesses”, diz o comunicado.
Os analistas do
Itaú BBA avaliam que a oferta é negativa para o processo de consolidação do
setor de telefonia móvel no Brasil. As ações da Portugal Telecom (PT),
negociadas em Lisboa, fecharam hoje em alta de 11,83%, a 1,36 euro. No Brasil,
os papéis preferenciais da Oi subiram 6,67%, a R$ 1,28.
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