sábado, 28 de fevereiro de 2015

Replica ao Deputado Sola Nquilim Na Bitchita

Na sessão ordinária da Assembleia Nacional Popular, do dia 27 do corrente, ficou marcada com a intervenção do deputado Sala Nquilim Na Bitchita, um dos dirigentes do Partido da Renovação Social (PRS), que há anos se destaca como a segunda maior força política, ou seja, a primeira da oposição. Durante a sua fala, Sola afirmou ser inaceitável que figuras que cometeram crimes durante o período de transição que se seguiu ao golpe militar estejam a passear impunemente no país, enquanto os dirigentes derrubados pelo movimento se encontram no estrangeiro contra as suas vontades.

Ainda, o deputado defendeu ser um absurdo, o facto que figuras como o ex-presidente interino Raimundo Pereira, o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o ex-ministro da Defesa e líder partidário Iancuba Indjai não possam regressar ao país, depois da retoma da normalidade constitucional, com a realização de eleições e posse de novas autoridades, em 2014. Pois, considerou que ainda não há condições de segurança para o regresso ao país dos líderes derrubados no golpe de Estado de 2012, por isso, pediu ao Governo para as criar.

Ouvindo tudo isso, infelizmente, lamento bastante da impetuosa vontade e prazer dos nossos políticos em insinuar e difundir sempre uma imagem de país de instabilidades e conflitos. Jamais lhes apetecem em enaltecer algo reconhecidamente positivo dos guineenses, e sim, relutantemente conspiram para ridicularizá-los.

Eu, modestamente, defendo que a qualquer cidadão assiste todo direito de regressar ao país, seja lá quando for que lhe apetece. Porém, nesse tom da intervenção do Sr. Deputado, transmite do país, um clima de caça aos bruxos, quando bem sabemos que o ambiente da vivencia política e social do país é de extremo sossego e paz. Ou melhor, não tem indicio algum de perseguição e ameaça contra integridade física de qualquer um. Tanto que, alguns dos nossos concidadãos vitimas de algum movimento militar e político, e antigos dirigentes políticos do país depostos em consequência de golpe do Estado de 12 de Abril de 2012, regressaram ao país, e por lá fazem tranquilamente as suas vidas. Pelo menos até então, não foi registrada alguma denuncia de ameaça e tentativa de retaliação contra as suas integridades física.

Adiato Nandigna e Fernando Gomes, foram antigos dirigentes políticos do país antes de 12 de Abril de 2012, que depois foram para Portugal por algum tempo, igualmente, Carlos Gomes Jr. e Raimundo Pereira, mas, os dois primeiros voltaram voluntariamente ao país, levam tranquilamente as suas vidas por lá, e, porque razão as demais figuras devem merecer outra cortesia para se regressarem?

Alias, curiosamente, gostaria de saber, por onde andava o Sr. Deputado, que lhe faltava garganta em levantar a sua voz de incansável ativista dos direitos de segurança dos cidadãos guineenses, quando Faustino Imbali foi barbaramente espancado e impedido de viajar para tratamentos médicos?

Por onde andava o Sr. Deputado, quando os familiares do Presidente Nino, General Tagme, Helder Proença, Baciro Dabó e Tito Intchala, exigiam a garantia dos seus direitos em assistir julgamento dos assassinos dos seus entes queridos.

Por onde andava o Sr. Deputado, quando Pedro Infanda, em exercício da sua profissão, sendo advogado constituído pelo Contra-almirante Bubu Natchuto, em sua defesa, foi brutalmente espancado, e padecia bastante para conseguir uma junta medica, a fim de se tratar.

Por onde andava o Sr. Deputado, quando os familiares do Roberto Cacheu faziam e fazem mil correrias para obterem a informação do paradeiro do seu membro, até então, sem sucesso.

O dirigente do Partido da Renovação Social (PRS) afirmou ser inaceitável que figuras que “cometeram crimes” durante o período de transição que se seguiu ao golpe militar estejam a “passear impunemente” no país, enquanto os dirigentes derrubados pelo movimento se encontram no estrangeiro “contra a sua vontade” Ler intervenção complea de Sola Nquilin (aqui»»)

Essa acusação do Sr. Deputado é muito vago, o que demostra ressentimento e ódio recalcado contra os dirigentes políticos do período da transição após golpe de 2012, porque, senão for, pelo menos que seja mais imediato na sua acusação.

Caro deputado, já é tempo de assumirem seriamente as devidas responsabilidades, e deixarem de politiques movidos de ambições egoístas. Pois, já estamos fartos de ver desenvolvimento do nosso país a ser comprometido, assim como, nossos futuros e dos nossos irmãos a serem adiados.

Viva Guiné-Bissau,
Viva unidade nacional,
Viva paz e desenvolvimento.

“Um dia no kabas na sabi, nona kume toku no limbi mon.”


Nataniel Sanhá (Velho Nael)

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