Ao que já chegamos! ontem chegou-me a
informação: 13 cidadãos, militantes ou simpatizantes do PAIGC, foram convocados
pela Procuradoria Geral da República e serão ouvidos, alegadamente por terem
participado na defesa da sede do partido a 19 de Outubro de 2017. E
presumivelmente, quem apresentou queixa foi um dos assaltantes, identificado
como agente da segurança ou da defesa, afeto ao Palácio da República.
Depois de ter feito o mesmo espetáculo com
alguns dirigentes do partido e de ontem, ter sido acusado por um coletivo de
advogados, como sendo o “ninho da corrupção”, o Ministério Público volta a
expor a Guiné-Bissau a mais esta vergonha e ao cúmulo do ridículo: após ameaças
feitas nesse sentido pelo dito Ministro do Estado e do Interior em presença do
Presidente da República e publicamente difundidas por todos os canais de
informação nacionais, um grupo de arruaceiros tentou invadir e tomar de assalto
a sede do partido (intensão mais tarde concretizada pelos próprios agentes da
segurança); um grupo de militantes, antecipadamente acampados na sede para a
defesa desta, evita a concretização do ato; agora, estes são acusados e vão ser
ouvidos, enquanto que os assaltantes e mesmo os mandantes do ato, se apresentam
como autoridade e prosseguem a ridicularização do país. Até aonde quer ir esta
gente?!
Tudo porque o Procurador Geral da República
conseguiu o cargo a troco de prometer a perseguição dos dirigentes do PAIGC?
Tudo porque isso pode ajudar o PRS, tentando
passar a imagem de que o PAIGC continua com problemas?
Tudo porque isto agrada ao Senhor Presidente da
República e tem a encomenda do Senhor Braima Camará?
Tudo porque continua aberta a época de prémios
por serviços prestados ao PRS e a esses dois Senhores e seus acólitos?
Eu já passei a fase do lamento destas
vergonhas, nem quero perder tempo a lembrar que os crimes perpetrados em
violação das leis são individuais. Todos sabem e agem em perfeita consciência.
Lamento é que envolvam o nome de Instituições
da República que deviam ser o nosso rosto e a representação da nossa dignidade,
que ainda terão no seu seio alguns profissionais sérios e responsáveis. Lamento
que se prossiga com a saga de divisão e instrumentalização de todas as franjas
da nossa sociedade, querendo provocar o caos, a desordem e a insegurança
generalizada.
E aonde estão as organizações da sociedade
civil, vocacionadas à proteção dos direitos civis, individuais e coletivos dos
nossos cidadãos? Estarão também ocupados a servir os mesmos Senhores
Sequestradores do Estado, da paz e da ordem interna?
O que infelizmente essa gente não percebe é que
estão a despertar o nosso povo e a armar a nação guineense de cidadãos
dispostos a dar sentido à sua existência, a resistir e combater o
autoritarismo, a libertar nossas consciências e conquistar a verdadeira e plena
liberdade.
Estes jovens e todos os que estiveram e estão
em defesa da verdade, que o PAIGC representa de novo na Guiné-Bissau, não podem
ter medo desta tentativa de ameaça e perseguição. Entendem bem que o objetivo é
silencia-los e desmobiliza-los. Essa gente não conhece de fato a história do
povo guineense!
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