sábado, 29 de setembro de 2018

PRIMEIRO-MINISTRO E SEU PARTIDO PAIGC, GOVERNAR É NÃO DIVERTIR PESSOAS, É ASSUMIR RESPONSABILIDADE!

...avançam com o cadáver de esperança às costas. Que perigo!

Todos os indicadores apontam, sem sombra de dúvida, a impossibilidade de realização de eleições legislativas na data prevista dia 18 de Novembro. O principal responsável deste falhanço é o próprio Primeiro-Ministro, Aristides Gomes, que, ao longo de cinco meses de exercício não foi capaz de dar um impulso ao processo de preparação às eleições, sua missão principal.

Ao invés de dinamismo e pragmatismo, o Primeiro-Ministro tem sido demasiado evasivo para com o processo ao ponto de deixar pairar a sombra de suspeições quanto à sua agenda pessoal a meio caminho. Começa-se o recenseamento “oficialmente” no dia 23 de Agosto sem recensear nenhum eleitor, coloca-se um kit em cada círculo eleitoral e acredita-se que a esse ritmo se vai realizar eleições na data! Brincadeira tem limites!

Hoje, a incerteza generalizada associada à acumulada desconfiança entre diferentes actores políticos, até no seio da população, ansiosa de ver concluído o fatídico cíclico de ingovernabilidade há várias décadas, é o resultado de liderança leviana do chefe do executivo!

As acções deste governo e a liderança do seu líder, deixam muito a desejar. A patente descoordenação no seio da equipa governamental na gestão do processo eleitoral é inquietante. É urgente corrigir “o tiro” antes que seja tarde. O incompreensível é a tentativa de desvirtuar a tradição de organização de eleições na Guiné-Bissau desde 1994. Cumpre-se lembrar que a Lei Eleitoral incumbe à Comissão Nacional de Eleições (CNE) a responsabilidade primária de condução do processo eleitoral.

O Gabinete de Apoio Técnico ao Processo Eleitoral (GTAPE) é um mero instrumento de assistência técnica do processo cujas acções devem ser monitoradas pela CNE. Infelizmente, esse princípio é hoje posto ao “chão de amadorismo” por este governo em nome de calculismos e agendas inconfessas susceptíveis de conduzir o país à periferia do “desconhecido”. O protagonismo atribuído ao GTAPE, embora sem resultados palpáveis, mina de que maneira o clima de confiança na gestão num processo eleitoral.

Ao longo do processo, o GTAPE fez perceber a opinião pública nacional e internacional sobre a inoperacionalidade dos “kits” utilizados nos escrutínios de 2014. Essa realidade não corresponde minimamente a verdade, pois o chefe da missão da assistência eleitoral confirmou na semana passada a operacionalidade de uma boa parte dos materiais. Autêntica brincadeira que traduz mal a irresponsabilidade do homem guineense perante coisas sérias. O guineense há muito que deixou de ter a vergonha na cara, de defender a honra e a dignidade mesmo que seja a custa da própria vida.

Pior de tudo, é que perante o impasse reinante, o Primeiro-Ministro tem pautado por discursos de “meio gaz”, declarações vazias que deixam os cidadãos desorientados e perplexos.

A tendência perigosa deve ser invertida e é urgente que o chefe do governo pare com esquemas de diversão e assuma plenamente a sua responsabilidade perante à Nação antes que seja tarde. Certo, os problemas da Guiné-Bissau não se resolverão com as eleições, mas elas podem constituir uma oportunidade para provocar a mudança, na condição que haja uma real vontade. // Odemocrata

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