...avançam com o cadáver de esperança às costas. Que perigo!
Todos os indicadores apontam, sem sombra de
dúvida, a impossibilidade de realização de eleições legislativas na data
prevista dia 18 de Novembro. O principal responsável deste falhanço é o próprio
Primeiro-Ministro, Aristides Gomes, que, ao longo de cinco meses de exercício
não foi capaz de dar um impulso ao processo de preparação às eleições, sua
missão principal.
Ao invés de dinamismo e pragmatismo, o
Primeiro-Ministro tem sido demasiado evasivo para com o processo ao ponto de
deixar pairar a sombra de suspeições quanto à sua agenda pessoal a meio
caminho. Começa-se o recenseamento “oficialmente” no dia 23 de Agosto sem
recensear nenhum eleitor, coloca-se um kit em cada círculo eleitoral e
acredita-se que a esse ritmo se vai realizar eleições na data! Brincadeira tem
limites!
Hoje, a incerteza generalizada associada à
acumulada desconfiança entre diferentes actores políticos, até no seio da
população, ansiosa de ver concluído o fatídico cíclico de ingovernabilidade há
várias décadas, é o resultado de liderança leviana do chefe do executivo!
As acções deste governo e a liderança do seu
líder, deixam muito a desejar. A patente descoordenação no seio da equipa
governamental na gestão do processo eleitoral é inquietante. É urgente corrigir
“o tiro” antes que seja tarde. O incompreensível é a tentativa de desvirtuar a
tradição de organização de eleições na Guiné-Bissau desde 1994. Cumpre-se
lembrar que a Lei Eleitoral incumbe à Comissão Nacional de Eleições (CNE) a
responsabilidade primária de condução do processo eleitoral.
O Gabinete de Apoio Técnico ao Processo
Eleitoral (GTAPE) é um mero instrumento de assistência técnica do processo
cujas acções devem ser monitoradas pela CNE. Infelizmente, esse princípio é
hoje posto ao “chão de amadorismo” por este governo em nome de calculismos e
agendas inconfessas susceptíveis de conduzir o país à periferia do
“desconhecido”. O protagonismo atribuído ao GTAPE, embora sem resultados palpáveis,
mina de que maneira o clima de confiança na gestão num processo eleitoral.
Ao longo do processo, o GTAPE fez perceber a
opinião pública nacional e internacional sobre a inoperacionalidade dos “kits”
utilizados nos escrutínios de 2014. Essa realidade não corresponde minimamente
a verdade, pois o chefe da missão da assistência eleitoral confirmou na semana
passada a operacionalidade de uma boa parte dos materiais. Autêntica
brincadeira que traduz mal a irresponsabilidade do homem guineense perante coisas
sérias. O guineense há muito que deixou de ter a vergonha na cara, de defender
a honra e a dignidade mesmo que seja a custa da própria vida.
Pior de tudo, é que perante o impasse
reinante, o Primeiro-Ministro tem pautado por discursos de “meio gaz”,
declarações vazias que deixam os cidadãos desorientados e perplexos.
A tendência perigosa deve ser invertida e é
urgente que o chefe do governo pare com esquemas de diversão e assuma
plenamente a sua responsabilidade perante à Nação antes que seja tarde. Certo,
os problemas da Guiné-Bissau não se resolverão com as eleições, mas elas podem
constituir uma oportunidade para provocar a mudança, na condição que haja uma
real vontade. // Odemocrata
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