domingo, 19 de outubro de 2014

A C.P.L.P. é a Comunidade de Países da Língua Portuguesa...

Por, Emílio Tavares Lima

C.P.L.P:
O que é?
Um dos objectivos que guiaram a sua criação?
O que gostaria que fosse?

A C.P.L.P. é a Comunidade de Países da Língua Portuguesa. Decerto que é um projecto deveras interessante, mas que, na prática, está, pelo menos ainda, aquém das expectativas que nortearam a sua criação. Ao falarmos da C.P.L.P., somos automaticamente catapultados para reuniões com representações ao mais alto nível (presidentes, ministros, secretários de estados,…). Este é o retrato actual da C.P.L.P.. É ainda algo muito distante do público-alvo.

Se é verdade afirmar que toda e qualquer organização desta envergadura tem de queimar etapas para atingir os seus objectivos, não é menos verdade dizer que esse percurso podia ter sido mais célere, isto é, se houvesse vontade política de todos os estados-membros.

O calcanhar de Aquiles da C.P.L.P. reside na materialização de um dos seus objectivos principais: Livre circulação de pessoas e bens nos respectivos países. Era utópico acreditar que seria fácil implementar esse ponto. De facto, as dificuldades eram previsíveis pelos membros fundadores. Tais dificuldades residem nos condicionalismos, de vária ordem: regras internacionais, convenções e protocolos que limitam o sonho arcaico do homem, que é o de ser nómada. Sabiam que tais regras viriam a impossibilitar a materialização desse ideal, porque cada um dos países da C.P.L.P. já pertencia a uma outra comunidade ou a organizações com regras e princípios que acabariam por divergir com a questão em epígrafe. Portugal é um protótipo disso. Em suma, ainda não existe livre circulação de pessoas, muito menos de bens, no espaço da C.P.L.P..

No meu ponto de vista, já está mais que na hora da C.P.L.P. sair da secretaria e ir ao encontro da comunidade, sentir o pulsar da população. Só assim deixará de ser um projecto virtual. Fala-se de um mercado de 250 milhões de falantes da Língua Portuguesa, o que, na prática, não corresponde à verdade. Tomamos como exemplo a Guiné-Bissau, onde Francês ganha terreno e o Centro Cultural Francês tem sido, de longe, mais dinâmico que o Centro Cultural Português. A presença do português na Guiné-Bissau é pouco expressiva. A população com um domínio aceitável da língua portuguesa não passa 15%.

No entanto, a cultura poderá impulsionar o progresso do “navio” C.P.L.P.. Já imaginámos o quão interessante seria um projecto cultural itinerante que integrasse actores de todos os países membros? Imaginemos, por exemplo, o teatro, a dança, a moda, futebol, a circulação de livros e autores, músicos, entre outros. Certamente que tocariam rapidamente e com mais eficácia a alma da comunidade, mais do que as constantes conferências que temos visto.


Apesar de tudo, acredito no futuro da C.P.L.P., porque temos talentos, transversais a todas as áreas do saber. Também temos recursos na comunidade. Não podemos é menosprezar a cultura, pois só a ela poderá promover a nossa coesão social e fomentar o nosso desenvolvimento humano sustentável, que todos almejamos.

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