Por, Emílio Tavares Lima
O que é?
Um dos objectivos que guiaram a sua criação?
O que gostaria que fosse?
A C.P.L.P. é a Comunidade de Países da Língua
Portuguesa. Decerto que é um projecto deveras interessante, mas que, na
prática, está, pelo menos ainda, aquém das expectativas que nortearam a sua
criação. Ao falarmos da C.P.L.P., somos automaticamente catapultados para
reuniões com representações ao mais alto nível (presidentes, ministros,
secretários de estados,…). Este é o retrato actual da C.P.L.P.. É ainda algo
muito distante do público-alvo.
Se é verdade afirmar que toda e qualquer organização
desta envergadura tem de queimar etapas para atingir os seus objectivos, não é
menos verdade dizer que esse percurso podia ter sido mais célere, isto é, se
houvesse vontade política de todos os estados-membros.
O calcanhar de Aquiles da C.P.L.P. reside na materialização
de um dos seus objectivos principais: Livre circulação de pessoas e bens nos
respectivos países. Era utópico acreditar que seria fácil implementar esse
ponto. De facto, as dificuldades eram previsíveis pelos membros fundadores.
Tais dificuldades residem nos condicionalismos, de vária ordem: regras
internacionais, convenções e protocolos que limitam o sonho arcaico do homem,
que é o de ser nómada. Sabiam que tais regras viriam a impossibilitar a
materialização desse ideal, porque cada um dos países da C.P.L.P. já pertencia
a uma outra comunidade ou a organizações com regras e princípios que acabariam
por divergir com a questão em epígrafe. Portugal é um protótipo disso. Em suma,
ainda não existe livre circulação de pessoas, muito menos de bens, no espaço da
C.P.L.P..
No meu ponto de vista, já está mais que na hora da
C.P.L.P. sair da secretaria e ir ao encontro da comunidade, sentir o pulsar da
população. Só assim deixará de ser um projecto virtual. Fala-se de um mercado
de 250 milhões de falantes da Língua Portuguesa, o que, na prática, não
corresponde à verdade. Tomamos como exemplo a Guiné-Bissau, onde Francês ganha
terreno e o Centro Cultural Francês tem sido, de longe, mais dinâmico que o
Centro Cultural Português. A presença do português na Guiné-Bissau é pouco
expressiva. A população com um domínio aceitável da língua portuguesa não passa
15%.
No entanto, a cultura poderá impulsionar o progresso do
“navio” C.P.L.P.. Já imaginámos o quão interessante seria um projecto cultural
itinerante que integrasse actores de todos os países membros? Imaginemos, por
exemplo, o teatro, a dança, a moda, futebol, a circulação de livros e autores,
músicos, entre outros. Certamente que tocariam rapidamente e com mais eficácia
a alma da comunidade, mais do que as constantes conferências que temos visto.
Apesar de tudo, acredito no futuro da C.P.L.P., porque
temos talentos, transversais a todas as áreas do saber. Também temos recursos
na comunidade. Não podemos é menosprezar a cultura, pois só a ela poderá
promover a nossa coesão social e fomentar o nosso desenvolvimento humano
sustentável, que todos almejamos.
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