sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Amílcar Cabral: opressão que está a ser exercida sobre nós (guineenses), vem da classe dirigente de Portugal


Um princípio fundamental da nossa luta é que a nossa luta é a luta do nosso povo, e o nosso povo é que tem que a fazer, e o seu resultado é para o nosso povo. Os camaradas já compreenderam bem o que é o povo. O problema que pomos agora é o seguinte: Mas o nosso povo está a lutar contra quem?

Claro que a luta dum povo é sua, de facto, se a razão dessa luta for baseada nas aspirações, nos sonhos, nos desejos de justiça, de progresso do próprio povo, e não nas aspirações, sonhos ou ambições de meia dúzia de pessoas, ou de um grupo de pessoas que tem alguma contradição com os próprios interesses do seu povo.

Contra quem é que o nosso povo tem que lutar? Desde o começo nós dissemos claramente. Nós, como colónias de Portugal na Guiné e em Cabo Verde, somos dominados pelo estrangeiro, mas não são todos os estrangeiros que nos dominam e, dentro de Portugal, não são todos os portugueses que nos dominam.


Aquela força, aquela opressão que está a ser exercida sobre nós, vem da classe dirigente de Portugal, da burguesia capitalista portuguesa, que tanto explora o povo de Portugal, como explora o nosso povo. E, como sabemos bem, a classe dirigente de Portugal a classe colonialista de Portugal, está ligada à dominação do mundo por outras classes doutros países, formando juntas, a dominação imperialista. Está ligada ao conjunto das forças capitalistas do mundo que, dominando os seus próprios países, têm necessidade vital de dominar outros povos, outros países, tanto para terem matérias-primas para a sua indústria, como para terem mercados para os seus produtos. Por isso, nós somos dominados pela classe capitalista colonialista portuguesa ligada ao imperialismo mundial."

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