O secretário executivo da Comissão Económica das Nações
Unidas para África, o guineense Carlos Lopes, apontou sexta-feira à noite os
desafios que o continente deve enfrentar para sustentar o crescimento económico
que conhece nos últimos anos.
Carlos Lopes está em Bissau a convite do Governo e foi
orador numa conferência em que assistiram funcionários de organizações
internacionais e diplomatas.
Durante cerca de duas horas, o economista e sociólogo
guineense defendeu que "um dos grandes desafios" de África é a
industrialização para que se possa transformar localmente a matéria-prima e,
assim, gerar emprego.
O primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira,
que se encontrava na mesa, ouviu Carlos Lopes a sustentar que África, que tem
tido uma das taxas de crescimento mais elevadas do mundo na ordem dos cinco por
cento ao ano, deverá arranjar soluções para a falta de infraestruturas e
energia.
Trazer para a economia a formalidade, alargar a base
tributária, seriam para Carlos Lopes a transformação estrutural de que
necessita África para sustentar o crescimento, devendo o Estado ter neste caso
"um papel mais interventivo", observou.
Sendo um continente com cerca de um bilião de pessoas,
África devia também incrementar as trocas comerciais entre os seus países e
blocos regionais, recentrando toda estratégia na agricultura, visando a
transformação a partir das energias renováveis, disse Carlos Lopes.
A reformulação do sistema educativo com a formação de
quadros virados para a indústria, o fim à instabilidade política num continente
onde só no último ano mais de 100 milhões de pessoas foram afectadas por
conflitos violentos e o combate às desigualdades, são outros dos desafios
apontados secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para
África.
Carlos Lopes realiza no sábado um retiro com todo
Governo guineense para preparar uma mesa-redonda que Bissau pretende realizar
em fevereiro com os parceiros internacionais.
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