quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Partido da Renovação Social da Guiné-Bissau dúvida de eleições a 18 de novembro


O Partido da Renovação Social (PRS), segunda força política no parlamento guineense, manifestou hoje ter "sérias dúvidas" quanto à realização de eleições legislativas a 18 de novembro e acusou o primeiro-ministro de "distração e incompetência".

Em conferência de imprensa, Orlando Viegas, vice-presidente do PRS, considerou que o decreto do Presidente guineense, José Mário Vaz, "corre sérios riscos de não ser cumprido" já que o primeiro-ministro, Aristides Gomes, afirmou que a data do início do recenseamento eleitoral "é indicativa".

O recenseamento eleitoral arrancou oficialmente hoje, para decorrer até 23 de setembro, mas, de acordo com Aristides Gomes, os potenciais eleitores ainda não estão a ser recenseados por dificuldades na receção dos 'kits' de recenseamento.

A Nigéria conta emprestar 300 desses equipamentos ao Governo guineense.

Em comunicado, lido por Victor Pereira, porta-voz do PRS, o partido considera que o Governo tinha "tempo mais que suficiente" para preparar todos os atos prévios para que as eleições pudessem ter lugar a 18 de novembro.

Mas, adiantou Pereira, tendo conta "a forma atrapalhada" como o Governo marcou a data do recenseamento, tudo leva a crer que já não terá lugar na data marcada, tudo por causa de "distração, incompetência e joguinhos políticos".

Em vez de realizar ações, dada a exiguidade do tempo disponível, o PRS acusa o primeiro-ministro de ter preferido destruir tudo o que já tinha sido feito pelo anterior executivo, nomeadamente os trabalhos da cartografia eleitoral.

O partido liderado por Alberto Nambeia acusa ainda o primeiro-ministro de ter enveredado em "joguinhos políticos obscuros" ao preferir gerir o processo eleitoral à margem da lei e da opinião pública, disse Victor Pereira.

No documento lido na conferência de imprensa, o também ministro da Comunicação Social defendeu que os atuais órgãos de administração eleitoral "passaram a prestar vassalagem" aos seus superiores hierárquicos "mas que a lei que dita as suas competências".

Para o PRS, "toda trapalhada potenciadora de conflitos" chegou a tal ponto, por ter sido permitido pelo primeiro-ministro, Aristides Gomes.

O partido negou quaisquer responsabilidades pelo atraso no cumprimento de prazos eleitorais, conforme pretende fazer crer o primeiro-ministro, assinalou ainda Victor Pereira, salientando que o PRS "apenas defende a legalidade".

O PRS disse ainda que todos os partidos legalmente constituídos no país devem ser consultados para busca de consensos para atos eleitorais, nomeadamente encurtamento de prazos, contrariamente ao que defende o primeiro-ministro que apenas quer ouvir os cinco partidos com assento parlamentar.//Lusa

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