quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Eu tenho um sonho para o meu País: a Guiné-Bissau!

Eu tenho um sonho para o meu País: a Guiné-Bissau!

O meu sonho não tem a ver com o País, em abstracto, mas com o Povo, que nele habita, com todas as suas inquietações e ansiedades, em busca de um futuro melhor.

Esse Povo que, um dia, aceitou submeter-se à provação extrema para lutar pela Liberdade tendo em vista a conquista da sua Independência e a afirmação, perante o Mundo, da sua identidade política e cultural.

Para alcançar esse objectivo foi preciso lutar, durante anos, contra a injustiça e a incerteza, contra a insegurança e todo o tipo de perigos, seja na cidade, seja no mato sombrio, que o Povo em luta foi capaz de transformar na sua fortaleza para conquistar a Liberdade e, finalmente, a Independência.

Com coragem e espírito de união, cumpriu-se o dever patriótico da Libertação Nacional!

Eu tenho um sonho de que a lucidez de espírito e da inteligência dos Homens e Mulheres, que vêm governando o nosso País, desde a Independência, os leve a olhar, com outros olhos (com o respeito e a dignidade que merecem, e não como um peso, no orçamento nacional) todos aqueles que, vivos ou mortos, empenharam a sua vida, a sua adolescência e juventude, na Luta de Libertação Nacional.

Assim, também, os seus descendentes e outros membros da família, que, pelo sacrifício supremo da vida, tenham perdido os seus entes queridos, ou, de alguma forma, limitados na sua capacidade de governar a vida, porque deixaram de poder contar com o seu auxílio.

Por isso, devem merecer o reconhecimento e o tributo público, como dívida de gratidão de todo o Povo Guineense e de qualquer outra gente que tenha escolhido o nosso País como oportunidade de vida, ou simplesmente como lugar de habitação, por algumas particularidades que oferece a quem nele se acolhe: paz, respeito e igualdade.

Nunca o sacrifício do Povo Libertado poderá ser comparado ao do Povo que trouxe a Liberdade ao País!

Mas todos sabemos como o monopólio do Poder, por parte de uma certa elite (?) nacional conduziu o País, ao longo de anos, à perversão da realidade social e dos valores que deveriam nortear o nosso País, numa perspectiva de justiça e igualdade!

Nada mais injusto e censurável, sobretudo, se visto sob o prisma dos nobres ideais que nortearam os objectivos da Independência, que ainda estão por cumprir em cada cidadão nacional!

Seria fastidioso enumerar as práticas do passado, tanto no domínio da política como da vida económica e social, que criaram gritantes desigualdades entre o Povo Libertado e o
Povo Libertador, fazendo com que uma parte minoritária da nossa população tivesse recolhido, após a Independência, benefícios imerecidos, fruto de traficância política e económica, arrastando atrás de si a onda de corrução e de má governação, que está na origem da instabilidade politica e do subdesenvolvimento económico e social que o País conheceu ao longo das últimas décadas.

Por isso, eu tenho um sonho que, um dia, o Parlamento Nacional do nosso País, assim como o Governo e outros Órgãos do Poder e da Sociedade Civil sejam, de facto e de direito, o reflexo saudável da diversidade étnica e social do nosso Povo, baseado na igualdade, competência e justiça, e não, apenas, uma emanação de jogo de interesses, assente em critérios arbitrários de dominação política e socioeconómico. Até quando?

Eu tenho um sonho, sim, que a estabilidade política e social do nosso País não seja perturbada pelos inimigos internos e externos da Nação, pois está claro que os seus interesses não são os nossos, que queremos paz e estabilidade social e política, com bons exemplos de relacionamento pacífico interétnico, que o Mundo deve conhecer e dar valor!

Vamos todos unir as mãos para que o sonho do Povo Libertador (que se sacrificou em nome de um projecto colectivo) se converta na realidade do Povo Libertado e em Paz!

Dr. Wilkinne 

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