Mesmo quando há condenações a prisão
efectiva, como aconteceu no caso ‘Face Oculta’, com Armando Vara, este sai em
liberdade.
De acordo com os indicadores
internacionais, Portugal é um dos países mais corruptos da Europa. Mas é, neste
grupo, onde os corruptos gozam de maior impunidade e nunca são presos. E não é
porque não haja crimes.
Como em Espanha, há também no nosso
país inúmeros crimes urbanísticos, os escândalos sucedem-se: Parque Mayer em
Lisboa, Vale do Galante na Figueira, edifício Cidade do Porto. E condenações
por cá? Nenhumas… Enquanto isso, em Espanha, num só processo, o Malaya
(corrupção urbanística entre Málaga e Ayamonte), foram presos mais de cem
autarcas. Até a cantora Isabel Pantoja foi condenada a prisão. Ainda esta
semana, houve buscas na casa do filho do poderoso Jordi Pujol e mais dezenas de
prisões em Madrid. Mariano Rajoy veio até pedir desculpa pela corrupção que
contaminou o partido do poder. Até na Grécia foi provada corrupção na aquisição
de submarinos alemães, num processo similar ao português. Os alemães envolvidos
foram sentenciados em duras penas, o ex-ministro grego da Defesa foi preso. Mas
em terras lusas, apesar de os tribunais germânicos terem evidenciado a
corrupção… zero presos.
Esta situação de total impunidade não é
obra do acaso. Resulta, em primeiro lugar, da forma como se produz a legislação
que controla os grandes negócios. Esta é elaborada, longe do Parlamento, pelas
maiores sociedades de advogados, à luz dos interesses dos grandes grupos
económicos, onde se podem prever já os crimes e também a forma de os amnistiar.
Além disso, os procuradores não dispõem de meios para a investigação criminal.
Os recursos para perícias são ridículos, a plataforma informática claudica, os
tribunais não têm condições.
Mas, mesmo quando há condenações a
prisão efectiva, como aconteceu no caso ‘Face Oculta’, com Armando Vara, este
sai em liberdade. Porque o regime penal admite que um qualquer recurso suspenda
a execução das penas.Por último, a promiscuidade entre política e negócios. Os
políticos mais poderosos são cúmplices dos maiores criminosos de colarinho
branco, e estes tornam-se intocáveis. Sabem que os subornos que pagam lhes
garantem protecção. Neste jogo de monopólio, os maiores corruptos dispõem do
cartão ‘você está livre da prisão’.
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