Ao longo da história política da
Guiné-Bissau, percebe-se que quase nunca consideramos tanto a independência ou
soberania do nosso Estado e da vontade manifesta do nosso povo. Ou, talvez
nunca assimilamos o suficiente ou totalmente os principais fundamentos desses
conceitos – soberania do Estado e a vontade do povo.
A soberania de uma nação refere-se a sua
autonomia de se administrar conforme os seus anseios, isto é, a vontade do seu
povo. Entretanto, constata-se uma forte correlação positiva entre nível da
soberania de um Estado com intensidade de atendimento da vontade da sua
população. O atendimento da vontade da população de um Estado determina,
fundamentalmente, a soberania desse Estado. Portanto, a soberania é autoridade
suprema do poder popular.
Analisando os factos históricos da
Guiné-Bissau ao longo do tempo, claramente, se constata protagonismo de uma
figura ou grupinho de indivíduos cujo propósitos ou ambições determinam o curso
político ou econômico do país, sem um consenso maioritário do universo da
população guineense. Essa situação comprova, sim, a falta da criação ou
consolidação efetiva do Estado guineense, ainda no processo da efetivação. Mas,
o que se questiona, é para quando isso (a efetivação da criação ou consolidação
do Estado guineense)? Pois, a efetivação da criação ou consolidação de uma
nação é fruto das construções das produções políticas e sociais.
Desde os períodos da libertação do país do
jugo colonial, o projeto do movimento da libertação do país visava interesses
que não atendia interesses da maioria do povo guineense. Mesmo assim, todo país
foi envolvido nessa causa. Seguido desse período, é recorrente a mesma situação
até os dias atuais da nossa conjuntura política.
Depois das últimas eleições, em 2014, apesar
de uma grande expectativa de uma mudança, tanto econômico, como dos praxes
ciclos de instabilidade política, instalou-se no país por longo período, uma
instabilidade política profunda. Por conseguinte, foi promovida uma negociação
pela CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) entre
principais atores políticos da Guiné-Bissau, na República de Guiné-Conacri, sob
mediação principal do presidente desse país amigo e irmão. Nessa negociação,
foi rubricado um acordo entre os principais atores políticos guineense pondo
cobro à perenidade da instabilidade política no país. No referido acordo,
consta alguns pontos que colocam em causa a própria soberania da Guiné-Bissau.
Pelos vistos, ninguém questionou disso! O que comprova o nosso total desconsideração
para com a problemática da soberania do país, ou, a falta de noções das suas
implicações.
Evitando uma discussão muito prolongado, só
vou destacar um aspecto do acordo, que considero fundamental a sua
consideração. Trata-se da reforma da constituição para garantir relações
estáveis entre poder executivo, legislativo e judiciário.
Sem restringir apenas nesse ocorrido
recentemente, e sim considerar a nossa experiência histórica passada. Será que
nunca saberemos do que é pertinente para nós mesmos, e das soluções viáveis
para nossos problemas? Permaneceremos eternamente expostos das determinações
das vontades alheias sobre os problemas do nosso país? Parece que sim, pelos
vistos.
O povo guineense arduamente lutou e
conquistou a sua independência, para ter o seu direito de se auto afirmar, para
se dirigir conforme julgar melhor para ele. Todo guineense deve contribuir em
facilitar isso, quanto mais um dirigente político.
Basta de continuarmos alienar o destino do
país às determinações alheias, pois, em nada positivo resultou ao país. Basta
de continuarmos remendando a nossa constituição, pois não conduz à resolução
efetiva dos nossos problemas.
Um país com uma situação semelhante da nossa,
que é do conhecimento de todos, obviamente, é indispensável apoio dos parceiros
ou amigos. Porém, precisamos propor as necessidades das ajudas da nossa
demanda.
De forma alguma, estou querendo descreditar a
necessidade da reformulação da nossa Constituição de República, pois, reconheço
muito bem as suas inúmeras deficiências, principalmente, do que muito crítico,
a não incorporação positivo dos Direitos Consuetudinários dos nossos povos.
Mas, o que é certo, as regulações da constituição não deve ser pessoais. Quando
estiver na situação que acho menos determinante do quanto pretendo, vou
empreender de tudo para sua (Constituição de República) alteração. Assim não
procede, infelizmente!
Igualmente, precisa-se de muita
responsabilidade dos atores políticos do país em se comprometerem com interesse
do país e do povo, deixando de ter o país refém das suas ambições pessoais ou
das suas organizações políticas. Visto que, a reformulação de algum disposto
constitucional não visa afetar ou restrições pessoais, sim a regulação do
funcionamento do Estado, que afeta todos os seus elementos em geral.
O procedimento ideal, julgo eu, no entanto,
para reformulação da Constituição da República, se deve basear numa
sensibilização do povo sobre real causa dos conflitos do país, sendo motivos da
necessidade para readequação da nossa lei magna. Com isso, explicitar as
vantagens de todos eventuais propostas de soluções, ampliando assim ao povo a
sua margem das opções de decisão sem manipulação.
Enfim, dispõe-se de várias possibilidades de
procedimentos, desde que atendam consideração do povo guineense essencialmente,
sendo poder soberano popular, se bem que também estamos numa democracia.
Viva Guiné-Bissau!
Viva Unidade Nacional!
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