sábado, 19 de janeiro de 2019

NA GUINÉ-BISSAU: "DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS"

Ler no Wilrane Fernandes

Vim por este meio expressar a minha visão sobre estado Clínico do País; pois, estive calado por longo período de tempo, observando atentamente o real comportamento da Sociedade Guineense, sobre o nosso verdadeiro problema - uma discriminação social - enraizado no Poder e nas camadas sociais mais privilegiadas relativamente às baixas camadas que representam a maioria da População.

A maioria da População que residem no interior do País, não tem meios para se defender dos poderosos de Bissau; não podem adquirir um advogado, por exemplo, e, nem têm nível da educação para criar associações ou sindicalismo para defesas próprias. O Poder Central que, supostamente, quem os devia defender, infelizmente (e simplesmente) nunca quis saber deles e mais, fez e continua a fazer de tudo para os condenar em eterno isolamento, pobreza e discriminação pela distribuição desigual das oportunidades em todas as esferas da sociedade.

A MANDJACADA DE BISSAU, pura e simplesmente um título provocatório, não é contra a etnia Mandjaca (aquela, eu aprecio e nutro o maior respeito, assim como qualquer outra, restantes etnias). Simplesmente, estou a tentar traçar um paralelismo de Madjacada de Bissau com a Balantalização (uma vez pronunciada pelo então dirigente associativo chamado Fernando Ka “Um pepel” nas antenas de uma das estações portuguesas) do tempo do Presidente Koumba Yala que era largamente profanada como eixo do Mal relativamente ao todo problemático sociopolítico e económico da Guiné-Bissau da altura.

Sei que muitos vão começar a criticar este título sem analisar o texto e a razão de fundo desta provocação, mas isso vai depender de grau da interpretação que cada um(a) e, obviamente, livre de opinar, comentar e interpretar o que quer que seja respeitando espero eu, também a minha Liberdade de pensamento.

Aqui, falei de Mandjacada de Bissau, a referir-se exclusivamente a elite Mandjaca no poder hoje na Guine: Presidente actual, José Mário Vaz “da etnia Manjaca”, seu Primo, primeiro-ministro, Aristides Gomes e nomeações afins que se nos são apresentadas.

MANDJACA DE BISSAU, Porquê? Porque Presidente da Republica e Primeiro-Ministro que assumiram o poder em Bissau, embora Mandjacos, não representam etnia Mandjaca no seu todo; e estou muito feliz em ver hoje que na Guiné-Bissau, a comunicação social inteira está a remar para mesmo lado; ou seja nunca se ouviu ninguém a criticar etnia Mandjaca extensivamente como tinha sido contra os Balantas na época do Presidente Dr. Koumba Yala. Hoje o mau desempenho do Presidente José Mário Vaz e do Governo liderados pelos cidadãos da mesma etnia, não se ouve falar de “Mandjaco toma terra”. Mesmo na tal conhecida RTP África que claramente funcionou (funciona) como porta voz da elite politica da altura, realmente corroborou o termo de Balantalização do País, foi (é) vista [RTP África] a tomar partido no que concerne as lides politicas bissau-guineense. A coerência não aceita dois pesos e duas medidas.

Hoje na nossa Sociedade Guineense toda gente insulta e chamam por nomes, correctamente questoes ligados ao Tribalismo no Poder nunca se falou, tanto menos nehum balanta veio ao publico revindicar o tratamento similar relativamente aos Balantas durante o reinado do Presidente Koumba Yala que hoje ate tinham direito. Eu, pessoalmente, fico feliz, por este progresso da nossa Sociedade, naturalmente, esperando que seja assim equidistante e transversal para com todas outras etnias no futuro.

Então, quero agora que façam uma reflexão profunda sobre o acima exposto e reportando tudo isso para tempo em que todos, sobretudo, recordando os MANDJACOS e outros grupos étnicos que falavam sobre Balatalização da Sociedade Guineense (citando malogrado, Fernado Ka “Um Pepel”).

De facto, a discriminação é uma das piores condições humanas em que uma ou mais comunidades podem ser submetidas. As nossas etnias são iguais prante a lei; comunidades iguais pela definição.

Qualquer forma de discriminação contra uma qualquer que seja comunidade/etnia é severamente condenável. A discriminação é a causa primordial da dessegregação das comunidades, da unidade e consequente caos no aparelho do Estado e no governo.

Olhando para trás, hoje os Balantas podiam queixar-se e bem terem sido discriminados durante muito tempo nas diversas esferas da vida pública/social até mesmo marginalizados etnicamente na tomada de decisões na sociedade guineense. Por outras palavras todas vezes que haja um Presidente ou Primeiro-Ministro desta etnia, temos visto abominantes reações da Sociedade Guineense relativamente a esta etnia. Ou seja, na pratica é a Sociedade Bissau-guineense que deve escolher se é mais correto aceitar nos altos cargos políticos alguns grupos étnicos em detrimentos dos outros, ou ser mais coerente apoiando transversalmente um Bissau-guineense indecentemente do estigma ou qualquer coisa do género.

Corrigir esta postura Social é simplesmente um abono à verdade e à justiça. Pelo contrário estaremos assim a plantar um substrato de base para consolidação da nossa Unidade Nacional e a “Guinendadi” desejada.

Para onde caminhamos então? Estratificação dos cargos públicos baseando nas etnias? Sei claramente que não é isso que realmente o guineense comum quer.

Guineense Comum tem que lutar para combater de facto o que está mal; talvez este mal tenha nascido muito antes da Fundação da nossa Republica; ou incutida à Sociedade e nas mentes menos abertas (os saudosistas inconsoláveis) pelo Sistema do Estado e Governo anterior à nossa Independência.

Então e se é isso, tenhamos coragem de assumir e criar as formas de combater essas endógenas e pequenas discriminações interétnicas, pois essas corroem tudo quanto as nossas conquistas conseguidas durante a vitoriosa luta de Libertação Nacional. Se os Balantas fossem menos atentos, tudo isso poderiam causar micro-fracturas internas com conseguinte desagregação da unidade e coesão nacionais, o que nenhum guineense moderno quer ver na nossa Sociedade.

Espero que os meus leitores percebam o significado da MANDJACADA DE BISSAU, que não passa de uma provocação para envidar o debate sobre o erro que a Sociedade Guineense cometeu no passado contra Etnia Balanta e não só, evitando assim enveredar por este caminho no futuro próximo.

Só para dar um exemplo, no Regime do presidente Koumba, quando se insultava o Governo do dr. Koumba, era extensível a toda etnia balanta, e até as FARP (Forças Armadas Revolucionárias do Povo), simplesmente, porque a maioria é Balanta.

Hoje, estas mesmas FARP’s, as quais o actual Presidente, José Mário Vaz, exigiu a quota étnica nas suas fileiras (coisa que nenhum Presidente exigiu desde a Independência à data de hoje) que, alguns falhados politicamente apelidaram de obstáculos à estabilidade, hoje, chegamos à conclusão de que, quem realmente obstaculiza a vida sociopolítica na Guiné-Bissau.

O presidente Dr. Koumba Yala (um Balanta), sofreu Golpe de estado dos próprios Militares, como se dizia na altura, porque entendiam que as coisas não estavam bem no País. Paradoxalmente hoje, sentimos a dizer em vários cantos da Sociedade Guineense, que o Reinado do José Mário Vaz e seu primo Primeiro-Ministro, são largamente pior do que o do presidente Dr. Koumba (...). Afinal quem é tribalista??! E as FARP, ainda continuam a serem tribalistas?? E se presidente Dr. Koumba tivesse exigido a quota étnica na Função Pública? Pelos vistos, o José Mário Vaz ainda é Presidente e bem recomendado. Eis um “TPC” para todos refletirmos.

Caros irmãos e leitores é bom que reflitam, aprendam a pensar com as suas próprias cabeças, porque realmente agora os Colonialista, os chamados “Tugas” já foram há muito tempo. Foram eles que há uns tempos nos batiam para obrigar-nos a pensar doutras maneiras, mas sinceramente hoje não deveriam continuar mental e psicologicamente dependentes de outrem.

A nossa verdade, embora relativa, é único caminho a seguir para a “independência” mental.
Muito obrigado e abraço,
J. Wilbom
New York, USA
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