O meu mano mais-velho pediu-me o
endereço de caixa postal para que possa enviar a minha encomenda de Lisboa a
Bissau.
Sabendo que aquele serviço é
praticamente inexistente na Guiné-Bissau, fui ao meu bairro perguntar aos putos
se alguém sabia o que significaria caixa postal.
Todos, sem exceção, responderam que se
tratava de algo ligado aos serviços bancários. Há quem arrisca dizer que é o
serviço multibanco. Estavam completamente fora do jogo.
Esse serviço é quase inexistente no
país. Há algumas instituições, representações diplomáticas e outros, que
dispõem do endereço de caixa postal.
As habitações, na capital, têm cada uma
um número da câmara municipal de Bissau e a zona indicada. No interior do país,
isso não existe.
Se alguém quiser indicar a sua casa a
outra pessoa, terá que fazer sempre referência às árvores, pequenos campos de
futebol de rua, carros velhos abandonados na rua, igreja, mesquita ou algo
relevante que esteja nas proximidades da habitação.
Por exemplo, RODMAN mora no bairro de
Cuntum Madina, perto da sede do PAIGC, depois da rotunda de “ Igreja di
muçulmanos”. A sua casa fica logo a seguir a duas mangueiras e ao lado de uma
casa cor de rosa.
Talvez na praça haja casas com caixa
postal a funcionar devidamente. Outro problema é o serviço dos Correios da
Guiné-Bissau que se depara com uma tremenda falta de condições para funcionar
devidamente.
Alguém disse, uma vez, que se Correios
fossem extinguidos talvez não houvesse ninguém a reclamar. Tal como as duas
empresas de telecomunicações do Estado que faliram, deixando o mercado a mercê
das empresas estrangeiras que fazem o que bem entendem sem que haja
responsabilização por parte do Estado.
Nenhum Governo terá sucesso no processo
de desenvolvimento do país enquanto passar cerca de 95% do seu mandato a tentar
dirimir disputas partidárias, jogos de interesse pessoais ou de grupo, ou em
acesa luta pelo poder para servir-se do Estado.
Poderemos trocar quinhentas vezes de
Governo, mas isso nada resultará enquanto não houver um compromisso sério para
com a agenda do povo. Iremos às urnas mil vezes, mas não veremos resultados
porque o problema é sempre adiado de antes para depois das eleições.
E nenhum desenvolvimento será
sustentável se não se refletir diretamente mudança da vida das populações,
sobretudo das zonas rurais.
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