segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A angolana Isabel dos Santos mulher mais rica da África faz oferta para comprar dona de 25,6% da Oi

Em uma ofensiva que surpreendeu o mercado, a angolana Isabel dos Santos fez uma oferta preliminar para a aquisição de ações da holding Portugal Telecom SGPS, empresa em processo de fusão com a Oi, num total de 1,2 bilhão de euros. A companhia portuguesa possui 25,6% da tele brasileira. Surgiram diversas hipóteses sobre o objetivo da mulher mais rica da África com o movimento.

Uma delas é de que a empresária quer aumentar seu poder de barganha em uma compra de fatia de 25% da Unitel, operadora de telefonia móvel em Angola, e ganhar tempo para o negócio. A participação da Oi na Unitel é detida por meio da holding Africatel, em que a brasileira possui 75%.

Entre os outros sócios está Isabel e a estatal Sonangol. O jornal “O Estado de S. Paulo” apurou que há hoje ao menos oito interessados nos ativos da Oi na África. Outra hipótese é que a empresária quer barrar a venda dos ativos portugueses da Oi.

No processo de fusão com a PT, a operadora brasileira incorporou a subsidiária PT Portugal, que reúne esses ativos. Com o objetivo de levantar recursos para o movimento de consolidação do mercado de telecomunicações, a Oi está vendendo a PT operacional.

A tele brasileira quer fazer uma oferta pela TIM com a Vivo e a Claro e, para isso, está tentando levantar recursos. A ação ocorre poucos dias depois de o grupo europeu Altice manifestar interesse nos ativos da empresa em Portugal por cerca de 7 bilhões de euros. Isabel é acionista da operadora portuguesa concorrente NOS, que pertence à holding Zopt. As negociações pelos ativos portugueses continuam e novas propostas ainda podem ser apresentadas.

Oferta

A Terra Peregrin, controlada por Isabel, informou estar disposta a pagar 1,35 euro por ação da PT, prêmio de cerca de 11% sobre o pregão de sexta-feira. A oferta foi condicionada a alguns pontos, como suspensão imediata, até o 30º dia posterior à liquidação da oferta, da fusão entre PT e Oi.

Nesta segunda-feira, 10, a Oi divulgou que a diretoria considera “inoportuna” alterações em termos acordados no processo. Um porta-voz da empresária angolana afirmou a jornais portugueses que a oferta pelas ações da PT SGPS não é “hostil” e tem como objetivo a aquisição de uma participação relevante, mas minoritária e não de controle, no capital da Oi, permitindo a manutenção da unidade do grupo Portugal Telecom.

A holding PT SGPS já não possui os ativos, mas tem uma fatia relevante na Oi e direito de veto sobre decisões estratégicas. A fatia da PT SGPS na Oi é de 25,6% e pode ser elevada a até 37,3% num período de seis anos. O movimento, segundo o porta-voz, foi feito em harmonia com os objetivos definidos em declaração conjunta difundida pela (holding) Zopt na semana passada.

A Zopt, controladora da operadora NOS, anunciou na semana passada que entrou na batalha pela PT para defender o “interesse nacional”. A NOS é detida pela empresária e pelo grupo português Sonae. Analistas consideraram o prêmio oferecido, de 11%, pouco atrativo.

A Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais, entidade que reúne minoritários da PT, divulgou comunicado em que defende a elevação da oferta para 1,94 euro por ação – o valor corresponde ao preço médio ponderado das ações nos seis meses anteriores ao anúncio da oferta.

“Se a oferta é de fato séria e com as intenções descritas, o oferente devia rever a mesma para efeitos de oferta obrigatória, nomeadamente adequando a contrapartida (…). Caso contrário, a dita oferta só poderá ser entendida como uma manobra de diversão e estratégica visando outros interesses”, diz o comunicado.


Os analistas do Itaú BBA avaliam que a oferta é negativa para o processo de consolidação do setor de telefonia móvel no Brasil. As ações da Portugal Telecom (PT), negociadas em Lisboa, fecharam hoje em alta de 11,83%, a 1,36 euro. No Brasil, os papéis preferenciais da Oi subiram 6,67%, a R$ 1,28.

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